Em meio às discussões sobre igualdade de gênero, feminismo e representação, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço na literatura atual. Trazendo obras que retratam a figura feminina de forma livre, muitas autoras ganham notoriedade e identificação do público.
Com três livros individuais lançados, a escritora piauiense Vanessa Trajano, que retrata a mulher livre de pudores, conta que enveredou por esse caminho de forma espontânea e como reflexo de uma angústia pessoal. “Desde pequena me incomodava com esse pensamento de não poder fazer algo porque sou mulher”, conta.
Autoras como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Teles sempre a inspiraram por serem mulheres inseridas no mundo literário. Vanessa conta que hoje tem consciência do estilo que escreve e continua a seguir esse caminho, não por militância, mas por vontade de libertação. “O homem hoje não sabe lidar com a nova mulher que está vindo. A mulher que paga suas contas, trabalha, estuda, bebe, dentre outras coisas”, afirma a escritora, que já sofreu com o machismo por trazer o erotismo em seu livro “Poemas Proibidos”.
Para a leitora Marciléia Ribeiro, ler o que Vanessa escreve é se deparar com a verdadeira face feminina escondida há tanto tempo. Ela representa a essência do comportamento de mulheres que são libertas dos padrões machistas e convencionais. “O que a Trajano traz em sua literatura contribui de forma grandiosa para a difusão de uma informação que solidifica a essência da mulher”, revela Marciléia.
O preconceito no meio literário ainda existe, mas perde força. Autora da série Harry Potter, J.K Rowling na época de lançamento teve que adotar um nome neutro pelo medo que as editoras tinham de que meninos não se interessassem por uma história escrita por uma mulher.
Hoje se vê o sucesso de Suzanne Collins com a saga Jogos Vorazes, trazendo uma mulher como heroína principal e adorada pelo público. Inspirando outras mulheres também, está a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que em seu livro “Americanah”, de 2013, aborda questões de raça, gênero e identidade. A escritora ganhou grande popularidade depois de sua palestra feminista no TEDxEuston chamada “Todos nós deveríamos ser feministas”.
Sobre a construção de personagens femininas fortes em livros de sucesso, Vanessa Trajano explica que hoje se busca representar a mulher como ela realmente é. Assim como no passado ela era representada da forma que era vista pela sociedade.
Texto de Flávia Carvalho e foto de André Luis Moreira do jornalismoufpi.blogspot.com.br