A luta entre o Capital e o Trabalho remonta provavelmente aos instantes inaugurais da História. E nem sempre assumiu contornos nítidos, antes camuflando-se sob outras aparências. No Brasil de hoje, não: a luta – luta retomada pela iniciativa do Capital – trava-se ostensivamente.
Elevando-se a escala da observação do País para a do mundo; e considerando-se o fenômeno na sua abrangência universal, o ano de 1989 se constitui em marco histórico. Verificou-se então a queda do muro de Berlim, indicativa simbolicamente do esfacelamento do socialismo até então praticado na União Soviética e em países da Europa central.
Tem-se dito que o humanismo subjacente à legislação trabalhista do Ocidente nasceu do medo: medo do comunismo. Não se tratava, pois, de altruísmo, na verdade existente só na aparência. Mas, cessada a causa: o medo, cessa – cessou – o efeito: o aparente altruísmo. Basta ver a indiferença em certo grau das lideranças do mundo frente à Rerum Novarum, de Leão XIII: aquele conjunto das mais sábias lições sobre a questão social.
Daí por que, agora retornando ao capítulo brasileiro do fenômeno, cabe contemplá-lo do alto da montanha, isto é, cumpre apreciá-lo como embate histórico transnacional. Mundial. Universal. A perseguição ao ex-presidente Lula; o golpe que derrubou Dilma; a demonização do PT, não por causa de seus defeitos, que existem, mas sim em razão de suas virtudes centrais: as de propugnar pela valorização do Trabalho e pela redistribuição da Renda Nacional, – tudo isso começou ali, com a queda do muro de Berlim, à revelia de nexos causais visíveis.
Como fenômeno, repita-se, universal, esse governo ilegítimo que se implantou no Brasil trabalha apressadamente para derrubar as conquistas sociais, executando as diretrizes do Capitalismo selvagem, conforme a religião que encontra, na sede da FIESP, sua catedral; e no presidente Paulo Skaf, seu sumo sacerdote.
É o capítulo brasileiro da reimplantação do Capitalismo selvagem.