Um relatório da Polícia Federal de dezembro do ano passado, ao qual o site Buzzfeed teve acesso e divulgou nesta sexta-feira (4), mostra o nome do presidente Michel Temer (PMDB) em uma troca de mensagens trocadas entre o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB) a respeito de um acerto sobre propina com o dono da JBS, Joesley Batista.

A conversa aconteceu em 2012, durante a campanha de eleições municipais, e cita “três convites” do dono da JBS que seriam repassados aos peemedebistas. Para a PF, os “três convites” pode ser um código para propina. Nela, Henrique Alves, então deputado, informa Cunha sobre o resultado de uma conversa com “Joes”, identificado pela PF como Joesley. “Joes aqui. Saindo. Confirme dos 3 convites, 1RN 2 SP! Disse a ele!”, escreveu Alves na mensagem.

Em resposta às mensagens de celular de Alves, Cunha reage: “Ou seja ele vai tirar o de São Paulo para dar a vc? Isso vai dar merda com o Michel. E ele não estaria dando nada a mais”.

No relatório de 186 páginas que a PF anexou na semana passada a uma das ações cautelares que tramitam no Supremo Tribunal Federal, há a suspeita de propina durante as campanhas eleitorais:

“A utilização do termo ‘convites’ pode ser uma tentativa de mascarar uma atividade de remessa financeira ilegal, já que, caso fosse um procedimento que obedecesse estritamente as normas legais, não haveria o porquê do uso deste termo (…) A hipótese seria que três repasses originados do acerto com o grupo JBS fossem relacionados a MICHEL TEMER, lembrando que era um momento eleitoral, porém houve a intervenção de HENRIQUE ALVES para que 1 (um) fosse direcionado ao Rio Grande do Norte, fato que poderia gerar alguma indisposição com MICHEL TEMER, segundo EDUARDO CUNHA”.

No dia seguinte, dia 23 de agosto de 2016, um novo diálogo entre Cunha e Alves dá indícios, anda segundo os apontamentos do relatório da Polícia Federal, de que os valores negociados podem ter relação com a liberação de dinheiro público do fundo de investimentos da Caixa (FI-FGTS) para Joesley Batista. Cunha envia a seguinte mensagem para Alves: “Vou resolver com ele de qualquer forma porque tem o assunto de ontem dele que foi aprovado”.

Em mensagens recuperadas pela PF deste mesmo dia, aparece, desta vez, Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer e à época diretor na Caixa Econômica. Geddel dá informações sobre a situação da holding J&F, de Joesley Batista. “J e F: voto está pronto para pauta, porém surgiu pendência junto ao FGTS. que segundo Dijur impede assinatura. Fala para regularizar lá”, escreveu Geddel.

Para a PF, esse diálogo revela a conexão entre “Joes”, FGTS e os “convites” que seriam repasses de campanha.

Ainda segundo o relatório, três dias depois o ex-presidente da Câmara alerta Alves de que Joesley pode não cumprir o acordo sobre o Rio Grande do Norte, domicílio eleitoral do ex-ministro do Turismo. Cunha sugere contornar Temer. Alves responde: “o problema é dele com o Michel”.

Henrique Eduardo Alves – Ok . Não esqueça conversa. E Joes?

Eduardo Cunha – Vou resolver dentro de outra ótica, sem tocar em Michel. O cara foi malandro e vc caiu e não vamos nos atritar por isso, ele vai resolver e pronto, deixa para lá.

Henrique Eduardo Alves – Cai não. Me garantiu, concordei. De onde problema dele com Michel Ok

 

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