Carlos Henriques de Araújo

                                                                                                                     Escritor membro da UBE-PI

 

A vida é o intervalo de tempo entre o nascer e o morrer. Viver não é fácil, muitos não vivem, apenas existem. O envelhecimento é uma consequência do viver. Não há dúvida, nós, os sessentões, viveremos, em média, até os 85 anos. Nossos filhos e netos chegarão aos cem ou mais, com a ajuda da medicina e da qualidade de vida que tiverem.

Por falar em qualidade de vida, há um fator muito importante, bastante divulgado na mídia, ultimamente: — A preparação para o envelhecimento. Todos nós sabemos que passaremos por adversidades na velhice, mas não nos preparamos para elas. Queremos mais é aproveitar o restante dos anos que ainda nos resta.

Queremos viver como se tivéssemos 30 ou 40 anos e fazer as coisas que deixamos de fazer por conta das circunstancias e que por um motivo ou outro fomos adiando.

Hoje, torcemos para chegar rapidamente o fim de semana, o feriado, as férias e a aposentadoria. Na verdade, estamos torcendo pela morte, pois estamos querendo que o tempo passe mais rápido, e por isso não estamos vivemos plenamente o nosso dia a dia.

Nossas escolhas do que fazer com o tempo é um problema individual mas, via de regra, essas escolhas não são as melhores. Não distribuímos bem nosso tempo entre trabalho, lazer e ócio produtivo. Perdemos muito tempo discutindo, reclamando, criticando, falando mal dos outros, vendo novela, BBB e os Bial da vida.

Envelhecer requer sabedoria e conhecimento para podermos usufruir do tempo que dispomos. E, em se tratando do tempo, é uma questão de escolha. Por isso somos responsáveis pelo nosso envelhecimento. Uma longa pesquisa científica feita pela Universidade de Harvard, desde 1930, com os jovens que entram e saem das faculdades, tem uma conclusão interessante.

Ao entrarem, eles passam por uma longa bateria e testes físicos, mentais, e espirituais. Um dos grupos acompanhados é composto por jovens da periferia de Boston (onde fica a Universidade). Os dados tem mostrado que esse grupo teve uma maior plenitude de vida.

A história de sucesso do envelhecimento desse grupo é marcada por boas relações familiares e relacionamento afetivo e social. Portanto, a conclusão é: — só quem se relaciona, oferece e recebe afeto, carinho, faz o bem e deseja o bem dos outros, tem um envelhecimento mais feliz.

Existe uma estatística válida para o Brasil e para os demais países que é pouco divulgada e desconhecida: — Somente uma em cada dez pessoas terá morte súbita. Todos as demais (90%) darão trabalho para morrer. Isto é, nove em cada dez pessoas terão morte anunciada. Irão adoecer gravemente e não estarão preparadas para isso ao perderem sua autonomia e sua independência.

A autonomia na velhice é poder dizer: — eu quero ir ao banheiro. E independência é:  — levantar e ir ao banheiro. Quem não tem autonomia, nem independência faz suas necessidades nas fraldas.  Essa é uma experiência terrível para quem não estar preparado para isso. Nunca pensamos que isso possa acontecer conosco.

Além das “fraldas” vem a dificuldade de andar, de falar, de enxergar, de ouvir, de comer, de engolir e de beber. Então, antes de chegar nesse estágio, o grande desafio é nos prepararmos para dar menos trabalho para aqueles que iram cuidar de nós (parentes e empregados).

Mais ou menos 40% dos brasileiros estão em paz com Deus no seu último dia de vida, diz uma outra pesquisa. Mas será que ao partir dessa para outra, levamos a ciência do sentido da nossa vida? Por que viemos e para onde vamos agora? Se você ainda tem dúvidas e não sabe a resposta para essas questões, é importante se voltar para seu interior e procurá-las.

Pode ser que sejamos um ser espiritual e estejamos passando por uma experiência humana aqui na terra. A morte é um dia muito importante na nossa vida. É como nosso nascimento, ou mais importante, pois quando nascemos somos só inocência. Ao morrer, levamos uma experiência de vida imensa.

Adquirimos muitos conhecimentos. Recebemos muitas benções. Estudamos muito e aprendemos muito. Ajudamos aos outros e tivemos       muitas atitudes e ações boas. Enfim, crescemos espiritualmente e cumprimos nossa missão aqui na terra. Partiremos para uma nova empreitada, muito feliz, com o reconhecimento dos familiares, parentes e amigos, e com o diploma de aprovado na escola da vida.

 

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