A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira 29 o empresário e advogado José Yunes e o coronel João Batista Lima, amigos de longa data de Michel Temer. O presidente e seus aliados são suspeitos de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto do setor portuário.
Foram presos ainda Antonio Celso Grecco, um dos donos da Rodrimar – empresa pivô nas acusações de corrupção contra o presidente Michel Temer – e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. As prisões são parte da Operação Skala, deflagrada nesta quinta pela PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.
As ordens de prisão são do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, no âmbito do inquérito que apura o decreto dos portos. Um dos alvos da investigação, Temer é suspeito de beneficiar a Rodrimar na edição do decreto voltado ao setor portuário. Em fevereiro, Barroso esticou o inquérito por 60 dias.
Embora não possa ser denunciado pelo caso durante seu atual mandato, Temer tambem é investigado. Recentemente, o ministro Luís Roberto Barro determinou a quebra de seu sigilo bancário no âmbito das investigações sobre o decreto dos portos.
CartaCapital revelou em janeiro uma planilha da PF que apontava supostos repasses ilegais a Temer e o Coronel Lima para beneficiar a empresa do setor portuário. No documento, a citação da Rodrimar tem a cifra de 600 mil reais. Ao lado, aparecem a sigla “MT” e os números “300.000 (+ 200.000 p/campanha)”. Já o “L” surge com 150 mil. Segundo o relatório policial de dezembro, MT seria Michel Temer e L, o coronel Lima.
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O decreto dos Portos era o assunto do diálogo no dia 4 de maio de 2017 entre Temer e seu então assessor Rodrigo Rocha Loures, alvo do grampo da Polícia Federal. A interceptação ocorreu em meio ao processo de delação premiada de executivos do Grupo JBS, entre eles Joesley Batista.
José Yunes é amigo do presidente Temer há mais de 50 anos e chegou a ser assessor de Temer na Presidência. Ele pediu demissão do cargo após a revelação do conteúdo da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho.
Yunes disse, na ocasião, que teria sido ‘mula involuntária’ do ministro Eliseu Padilha. O empresário também foi citado na delação do doleiro Lucio Funaro. O delator afirmou que José Yunes era um dos operadores de Michel Temer.
“Fui mula involuntário do Padilha”, disse o advogado à Veja na época das acusações, que confirmou sua versão à publicação e também ao jornal Folha de S.Paulo. “Não teria problema nenhum ele [Padilha] reconhecer que ligou para mim para entregar um documento, o que é verdade. Vamos ver o que ele vai falar. Estou louco para saber o que ele vai falar. Ele é uma boa figura. Mas, nesse caso, fiquei meio frustrado. Não sei. É tão simplório. É estranho, não é?”, disse Yunes à revista.
Em seu depoimento, Yunes trouxe um elemento novo ao caso contra Temer e Padilha. Segundo o advogado, o mensageiro da Obebrecht era o doleiro Lucio Bolonha Funaro, que teria mencionado, em rápida conversa, financiamento a 140 deputados para “fazer o Eduardo presidente da Casa”.
Wagner Rossi foi ministro da Agricultura no governo de Dilma Rousseff, indicado na cota do então vice-presidente Temer, e foi citado na delação de executivos da J&F e da JBS.
A Polícia Federal informou que por determinação do STF ‘não se manifestará a respeito das diligências realizadas na presente data’.
Fonte: Carta Capital