Conto: O olhar oblíquo da quase-freira

Foto: Ilustração da web. F. Carvalho. No primeiro piso do prédio onde ficava o escritório de advocacia de Melchior perfilavam algumas lojas dos mais diferentes ramos. Ali era possível encontrar de salão de beleza a lojas de semijoias, confecções e calçados. Num desses pontos trabalhava Dália, uma morena vaidosa, busto firme, cintura bem delineada e as pernas mais bonitas daquele pedaço de rua. O espetáculo não era maior porque ela usava roupas formais, sem decotes. Para cada dia tinha um diferente terninho comportado, mas insuficientes para esconder a curvilínea silhueta. Na verdade o efeito era contrário: instigava ainda mais as mentes poluídas. Mas o que ela tinha de mais desconcertante era o olhar. - Esta mulher é a encarnação da Capitu – disse Melchior, certa vez, ao seu amigo Manolo. – Ela tem o olhar oblíquo! - Olhar de ressaca, é o que você está querendo dizer, meu amigo – corrigiu o outro ao perceber que Melchior referia-se à...

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