Prédio do antigo Edifício Cel. Pacífico. Arquivo Helder Fontenelle.

Prédio do antigo Edifício Cel. Pacífico. Arquivo Helder Fontenelle.

Paulo Afonso Ferreira – historiador.

A data de 26 de abril de 1896 marca a fundação da Santa Casa de Misericórdia bem como o inicio da acolhida de doentes e peregrinos em Parnaíba, historicamente com os mesmos ideais de tantas outras que foram criadas no Brasil. Se ao longo dos anos a atenção na prestação da saúde pública não foi satisfatória a filantropia em Parnaíba foi essencial e o torna reconhecida pelos 120 anos de existência da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, comemorados neste ano de 2016.

paulo-ferreira

Jornalista e historiador Paulo Ferreira.

A oportunidade de escrever sobre a história da Santa Casa deve-se agradecer ao médico Candido Atayde, conhecedor do importante papel desse hospital na saúde pública de Parnaíba. O conhecimento acumulado permite narrar trechos históricos da sua criação do funcionamento dessa instituição. Dele tiramos o nosso raciocínio.

Como afirma o historiador Pierre (Norá, 1978) quando me pronuncio sobre a Santa Casa é comparada a um monumento que expressa identidade e apoio dado aos menos favorecidos. Na verdade evidencia saber um pouco mais pela arquitetura de expressão imperial mais também pelo o que não é visto, ou seja, a sua idade centenária. Os 120 anos de existência a Santa Casa trata-se de recuperação de informações fundamental para a reconstrução da historia da cidade e da trajetória do jurista Manuel Fernandes de Sá Antunes o idealizador da instalação do hospital em Parnaíba.

Antes da sua fundação, nômades marginais empolgados pela conquista de liberdade por meio da Lei Áurea viviam como indigentes atirados nas vias públicas de Parnaíba, o numero foi crescendo operando-se sobre os libertos o rotulo de perturbadores da ordem. Dr. Manuel Fernandes de Sá Antunes apanhado pela recorrência da sensibilidade sobre que vinha ocorrendo no final do século XIX na cidade de Parnaíba, redigiu os primeiros estatutos usando a base das funções estatutárias de entidades filantrópicas e os ideais assistenciais da Princesa Leonor e do teólogo Frei Miguel de Contreras de Portugal e concedeu a Santa Casa o local de amparo.

Para o seu funcionamento foi eleita à primeira diretoria com nomes que se constituiu entre pessoas de grande valor representativo e empresarial.  Assim foram eleitos: Provedor: Paulo Robert Singlehurst. Vice-provedor: Dr. Luis Antonio de Moraes Correia, Sub-secretário: José Alves de Seixas Pereira. Tesoureiro: Antonio Martins Ribeiro. Procurador Geral: Dr. Manuel Fernades de Sá Antunes. Mordomos: Joaquim Antonio dos Santos, Joaquim Antonio de Amorim Filho, Egidio Osório Porfírio da Motta, Manoel Fernandes Marques, Josias Benedito de Moraes, Francisco José de Seixas, José da Silva Ramos Filho, Dr. Francisco de Correia.

Inicialmente a irmandade esteve alojada numa casa de uma porta e duas janelas, com essa estrutura a Santa Casa funcionou três anos sendo obrigada a procurar novo local já que a demanda de pacientes em pouco tempo superlotou o prédio da Rua Maranhão hoje Darcy Araujo.  A Cerca de um beneficio era necessário encontrar condições de lhe dar com a diversificação das mazelas por isso foram instaladas novas estruturas físicas, outras áreas médicas, reforma dos laboratórios, ampliação do quadro funcional etc. Nessas circunstancias o hospital foi transferido para o edifício do Cel. Pacífico Castelo Branco, centro, na Av. Álvaro Mendes comprado pelos diretores funcionando até hoje. A nova estrutura assumia maior responsabilidade junto à comunidade. Na concepção do jurista o empreendimento precisava manter-se pelo processo de solidariedade. Daí a sociedade parnaibana se mobilizou e enviou ao estado da Bahia, o estudante João Maria Marques Bastos, lá finalizou o curso de medicina retornando à Parnaíba para assumir o cargo de diretor médico da Santa Casa.

O incremento das internações estimula o intercambio, por tanto as novas ideias contempla novos serviços disponíveis entre os quais: anestesiologia, cardiologia, clinica medica, Clinica cirúrgica, eletrocardiograma, ginecologia e obstetrícia, pediatria, psquiatria, ambulatorial e internação. É nesse ambiente de alteração que a atual diretoria foi eleita no dia 21 de fevereiro de 2015 até 2018 para dar prosseguimento a esta luta centenária.  O que se observa é a tomada da consciência da sociedade sobre a relevância e valorização do hospital como forma de instrumentá-lo dentro do seu ambiente de atuação.

Consolidando-se dificuldades na área da saúde, a Santa Casa pode ser medida pela consciência de quem está inserido na composição política e econômica do Estado e entidades estruturais da sociedade. O hospital possui uma história rica que se conduz na evolução dos favores e auxílios médicos. A iniciativa de criá-la partiu da elite econômica parnaibana, onde quer que “haja dor seja física ou moral” á muito tempo foi desconsiderado o atendimento pautado na condição social, o que nos parece é que desde início a Santa Casa integra a história dos abrigos que vieram garantir moradia, mobilização pela esperança. “Quando se fala em abrigar, acolher, somos remetidos ao princípio ético do respeito ao outro nas relações sociais.  Para respeitar, È necessário reconhecer a presença do outro como igual, em sua humanidade”. (Rios, 2006, p. 15).

A conclusão que se chega é que a historia da Santa Casa interage com a internação de pacientes excluídos no meio social resultando espaço para a situação de abandono. Em Parnaíba o final do século XIX foi marcado pela instalação da Santa Casa como obra de atitudes individuais garantindo expectativa de vida aos desamparados em que a saída lhe oferecia consideração, privilegiando para o seu ajustamento e reajustamento no meio social. O diagnóstico feito pelos historiadores acerca do lugar de memória pode ser interpretado como pista para Historia. “Revelou-se, por fim, um conjunto de desafios e riscos vividos por aqueles que se lançam a investigar a história do tempo presente”. (GONÇALVES, 2012 P.43).

Dessa forma a Santa Casa é um espaço que surge para relembrar a História da filantropia em Parnaíba, por ela pode se pautar uma nova realidade colocando a função da saúde na pauta de preocupações do poder publico, e da sociedade civil possibilitando ainda novos olhares para história.

BIBLIOGRAFIA

ATAYDE, Candido Almeida. Relato histórico: Almanaque da Parnaíba. 1994, nº 61

BAPTISTA, Myrian Veras. Abrigo: comunidade de acolhida e socioeducação. Instituto Camargo Corrêa. Coletânea abrigar; 1-São Paulo, 2006.

GONÇALVES, Janice. Pierre Norá e o tempo presente: entre a memória e o Patrimônio cultural. Históriæ, Rio Grande, 3 (3): 27-46, 2012.santa-casa

Conteúdo relevante??? Compartilhe!!!