O deputado federal piauiense Heráclito Fortes (PSB) foi citado na lista de delações do ex-presidente da construtora Transpetro, Sérgio Machado, como tendo recebido propina desviada da Petrobras. Reportagem da Folha de São Paulo dessa quinta-feira (16) diz que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo do documento em que Heráclito foi acusado de fazer um acordo em 2006 para receber propina nas eleições de 2010 e 2014.
Nesta quinta-feira (16), em entrevista ao Jornal da CBN, o deputado Heráclito Fortes classificou as denúncias do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como “malucas”. “Essa é uma denúncia maluca, porque indica que eu fiz um acordo em 2006 para receber em 2010. Que diabo de propina é essa, que acerto em 2006 para receber em 2014?”, ironizou o deputado piauiense.
Em nota oficial à imprensa, o parlamentar diz que são inteiramente falsas e mentirosas das declarações de Sérgio Machado e que até amanhã colocará seu sigilo telefônico à disposição. “Informo ainda que até amanhã apresentarei petição junto à PGR, me colocando à disposição para os esclarecimentos que os procuradores entenderem necessários, e desde já, colocarei o meu sigilo telefônico à disposição. A quebra do meu sigilo provará que não procurei o Sr. Sérgio Machado em 2014, como ele afirmou. Com relação às doações de campanha, as minhas prestações de contas referentes às eleições de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, declarou.
Sérgio Machado relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos em sua delação, a partidos como PMDB, PT, DEM, PSDB, PC do B e PP. Segundo ele, os políticos o procuravam pedindo doações e, em seguida, Machado solicitava os repasses às empreiteiras que tinham contratos com a Transpetro.
Veja nota de Heráclito na íntegra:
Quero dizer ao povo do Piauí e do Brasil que são inteiramente falsas e mentirosas as citações que envolvem o meu nome e que foram feitas pelo Sr. Sérgio Machado, na delação premiada que fez junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). Informo ainda que até amanhã apresentarei petição junto à PGR, me colocando à disposição para os esclarecimentos que os procuradores entenderem necessários, e desde já, colocarei o meu sigilo telefônico à disposição.
A quebra do meu sigilo provará que não procurei o Sr. Sérgio Machado em 2014, como ele afirmou. Com relação às doações de campanha, as minhas prestações de contas referentes às eleições de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesses documentos não há registro de qualquer doação às minhas campanhas feitas pelas empresas listadas pelo delator Sergio Machado, muito menos no valor mencionado por ele.
No mais, reafirmo que em toda a minha vida pública sempre cumpri com todas as minhas obrigações eleitorais, prezando sempre pela transparência dos meus atos, assim como jamais negociei qualquer favor, benesse ou vantagem de qualquer natureza em troca de doações de campanha.
Deputado Heráclito Fortes
Mais sobre o caso
Segundo o ex-presidente em delação, o presidente interino Michel Temer (PMDB) negociou propina para a campanha do então correligionário Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012.
A lista entregue por Sérgio Machado cita o senador Aécio Neves (PSDB/MG), o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB/PE, morto em 2014), o senador José Agripino Maia (DEM/RN) e o deputado Felipe Maia (DEM/RN). Ainda segundo Machado, outros que o procuraram pedindo recursos foram Renan Calheiros (PMDB/AL), Romero Jucá (RR), José Sarney (AP) e Jader Barbalho (PA), e também os parlamentares e ex-parlamentares Cândido Vaccarezza (PT/SP), Jandira Feghali (PCdoB/RJ), Luiz Sérgio (PT/RJ), Edison Lobão (PMDB/MA), Edson Santos (PT/RJ), Francisco Dornelles (PP/RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), Ideli Salvatti (PT/SC), Jorge Bittar (PT/RJ), Garibaldi Alves (PMDB/RN), Walter Alves (PMDB/RN) e Valdir Raupp (PMDB/RO).
(Cidade Verde)