Prefeito Batista Silva, de camisa vinho, ao lado do General Freitas Diniz e do ex-prefeito José Alexandre Caldas Rodrigues, todos "in memoriam".

Prefeito Batista Silva, de camisa vinho, ao lado do General Freitas Diniz e do ex-prefeito José Alexandre Caldas Rodrigues, todos “in memoriam”.

Damos prosseguimento à publicação do trabalho de autoria do professor, jornalista, advogado e escritor Alcenor Candeira Filho, sobre a política parnaibana de 1950 até os dias atuais. No texto que publicamos agora, Alcenor conta as histórias das eleições em Parnaíba do prefeito José Orlando ao prefeito Batista Silva, no começo dos anos 80.

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POLÍTICA PARNAIBANA A PARTIR DE 1950

Alcenor Candeira Filho

 

  1. PREFEITO JOÃO ORLANDO DE MORAES CORREIA

Como mencionei no artigo “Retorno ao Norte do Piauí”,  guardo vaga lembrança das eleições gerais de 1950,  quando  foram eleitos pelo PTB Getúlio Vargas (Presidente), pelo PSD  Pedro de Almendra Freitas (Governador)  e pelo PTB João Orlando de Moraes Correia (Prefeito).

Além da hospedagem de Getúlio Vargas na casa de João Orlando em agosto de 1950, lembro-me de um episódio que pode ter contribuído  para a derrota do candidato a prefeito pela UDN,  deputado Acrísio de Paiva Furtado, que havia ocupado por pouco tempo o cargo de prefeito municipal em 1947.

Consta que o poderoso industrial José de Moraes Correia, irmão de João Orlando, apoiava a candidatura de Acrísio, que estava muito bem na aceitação  popular.

Com o propósito de reverter a situação, petebistas combinaram com João Orlando uma simulação de tentativa de seu assassinato.  Um tiro de arma de fogo foi disparado da residência do vereador Alcenor Rodrigues Candeira em direção da vizinha casa de João Orlando, que teria desempenhado bem o papel de ator: caiu no chão gemendo bastante. A cidade era pequena e a notícia se espalhou rapidamente. O coronel Zeca Correia imediatamente retirou o apoio a Acrísio Furtado para ficar solidário  com o irmão.

Para alguns a adesão de Zeca Correia não foi novidade:  afinal de contas, como corre solto entre maliciosos e gozadores, a família Moraes Correia é semelhante a pintos de granja que se bicam o tempo todo  mas terminam sempre se acomodando na paz familiar.

A propósito do tiro que teria partido do quintal de minha casa, ouvi um dia minha mãe desabafar: “Em política tenho visto de tudo. De todos os lados. Dizem que feio mesmo é perder eleição”.  E me aconselhava a nunca entrar nesse jogo. Não tenho sido filho obediente, mas jamais me esqueci do conselho.

 

Principais realizações:

– aprimoramento dos serviços de limpeza pública

– construção do centro comercial

– construção de escolas

– pavimentação poliédrica de ruas e avenidas

 

Fui amigo do dr. João Orlando. Admirava-o menos como político do que como professor e médico. Dele guardo a imagem de um homem simples, bom, desprovido de ambições materiais e que, pela deficiência auditiva, ouvia rotineiramente, com som bem alto, músicas de Luís Gonzaga.

João Orlando governou o município no período de 1951 a 1954.

 

 

  1. PREFEITO ALBERTO TAVARES SILVA

 

A campanha municipal de 1954 foi acirrada e polarizada:  Alberto Tavares Silva  (UDN)  contra  José Alexandre Caldas Rodrigues (PTB).

História ou estória marcante  da disputa política de 1954  revela que na véspera do  pleito a Justiça mudou o local de votação das seções eleitorais deixando boa parte dos eleitores do PTB desorientados. Muitos teriam deixado de votar.

Os udenistas, acusados de participação na trama em benefício próprio, revidavam:  o pessoal do PTB  foi que articulou com a Justiça e o Ministério Público a mudança das seções eleitorais da Ilha Grande de Santa Isabel,  reduto da família Silva, que ali teria sido prejudicada.

Se houve realmente  mudança de urnas de última hora, qual a versão verdadeira  –  a dos petebistas ou a dos udenistas?  Talvez só o vento responda.

Conhecido como grande engenheiro e bom administrador, Alberto Silva realizou importantes obras como prefeito nos dois mandatos que exerceu (1948-1950  e  1955-1958),  destacando-se:

– combate a enchentes

– abertura e pavimentação de ruas e avenidas

– construção de escolas

– construção de postos de saúde

 

As mais expressivas realizações de Alberto Silva aconteceram quando exerceu por duas vezes o mandato de Governador do Estado,  assunto que será tratado em outra parte deste trabalho.

 

 

  1. PREFEITO JOSÉ ALEXANDRE CALDAS RODRIGUES

 

Em 1958  o prefeito Alberto Silva e seu irmão João Silva Filho  lançaram pela UDN  a candidatura do Monsenhor Roberto Lopes Ribeiro como candidato a prefeito de Parnaíba, concorrendo com o empresário José Alexandre Caldas Rodrigues (PTB),  que tinha o apoio de seu irmão Francisco das Chagas Caldas Rodrigues, candidato a governador do  Estado,  e do coronel Epaminondas Castelo Branco (PSD).

O padre Roberto, como gostava de ser  chamado, era forte candidato em razão das obras que realizou na cidade, destacando-se a construção  da igreja     de São Sebastião  e a Igreja de São José, além da construção do Ginásio Clovis Salgado.

Sacerdote dinâmico, o padre Roberto foi professor e um dos fundadores do Ginásio Parnaibano, hoje Colégio Estadual Lima Rebelo.

Diferentemente do que se poderia imaginar, a cúpula da Igreja Católica em Parnaíba apoiou, embora discretamente, José Alexandre  por influência do deputado Chagas  Rodrigues, muito estimado pelo clero parnaibano.

Para agradecer o recebimento do livro O CRIME DA PRAÇA DA GRAÇA  o escritor Assis Fortes, ex-seminarista e amigo pessoal do primeiro bispo de Parnaíba, Dom Felipe Conduru Pacheco  (1946-1959), me enviou uma carta, em 18-06-2008, com revelações importantes:

 

“Dom Felipe tinha, como eu tenho

ainda hoje, um certo amor de predileção pelo

nosso eterno governador Chagas Rodrigues, o

melhor governante que o Piauí já teve. Não po-

deria Dom Conduru fazer campanha para o

Monsenhor Roberto Lopes e por tal motivo so-

freu amargamente por optar, embora discreta-

mente, pela candidatura de José Alexandre,

irmão de Chagas, o grande benfeitor da Diocese,

quando era deputado federal.

Sei dessas coisas porque, além de merecer

confidências de Dom Felipe, trabalhei nas cam-

panhas do PTB, em prol  de Chagas Rodrigues”.

 

O acontecimento de maior repercussão durante o primeiro ano da gestão de José Alexandre foi o assassinato de Alcenor Rodrigues Candeira, em 11 de outubro de 1959.

José Alexandre administrou a cidade no período de 1959 a 1962, deixando como principais realizações:

– luta   pela estadualização do Ginásio Parnaibano

– luta pela estadualização da Escola Normal Francisco Cor-

reia

– luta pela implantação de ensino superior em Parnaíba

– abertura de estradas vicinais

– calçamento de ruas e avenidas

– ampliação da rede municipal  de ensino.

Por sua firme e corajosa posição política contra o regime militar  foi-lhe cassado o mandato de deputado estadual em 1964 e punido com a redução dos direitos políticos.

 

 

  1. PREFEITO JOSÉ QUIRINO MEMÓRIA

Com a renúncia de José Alexandre para candidatar-se a deputado estadual em 1962, assumiu a chefia do Executivo

o Presidente da Câmara Municipal José Quirino Memória, filiado ao PTB.

O vice-prefeito era o dr. Mariano Lucas de Sousa, pertencente ao PSD,    liderado pelo coronel Epaminondas Castelo Branco. Por que o dr. Mariano não assumiu a função  de prefeito?  Até hoje não entendo o gesto do grande e querido médico. Teria sido por pressão  de líderes do PTB que não  queriam que o PSD ocupasse o elevado cargo?

José Quirino executou várias obras no curto espaço de tempo em que administrou Parnaíba, tendo, segundo a professora Aldenora Mendes Moreira, em livro  citado na bibliografia, “realizado uma administração caracterizada por realizações marcantes onde deixou o traço indelével de seu  trabalho e de sua honestidade”.

 

 

  1. PREFEITO LAURO ANDRADE CORREIA

Nas eleições municipais de 1962 três candidatos disputaram  o cargo de prefeito municipal: Cândido Oliveira (UDN), José Oscar Freitas (PSD) e Lauro Andrade

Correia (PTB), que foi o vencedor.

Logo que assumiu o cargo, Lauro Correia  enfrentou uma grande batalha pela preservação da integridade territorial do município. A Assembleia Legislativa do Estado do Piauí  havia aprovado e o Governador Petrônio Portella sancionado  as leis que criaram os municípios dos Morros da Mariana e de Bom Princípio, dilacerando o domínio territorial de Parnaíba.  O objetivo principal do desmembramento era beneficiar os candidatos  derrota-

dos , que deveriam ser contemplados com os cargos de prefeito desses povoados.

O prefeito Lauro Correia, derrotado politicamente nesse episódio, foi vitorioso no Supremo Tribunal Federal,

que julgou inconstitucionais as referidas leis.

Outra ocorrência relevante durante a  sua gestão foi o

envolvimento de políticos do PTB (José Alexandre Caldas Rodrigues, Lauro Andrade Correia, José Nelson de Carvalho Pires,  Ary Castelo Branco Uchoa, João Batista Ferreira da Silva, Benedito Ferraz e outros) no episódio da surra dada em 1965 pelo Coronel do Exército Pedro Borges e outros teresinenses no Capitão dos Portos do Estado do Piauí,

Capitão de Corveta  Manuel Jansen Ferreira Neto. Tempos de ditadura militar instalada no país com o golpe de 31 de março de 1964, período em que o direito da força sobrepunha-se à força do direito, com prisões políticas e cassações de mandatos eletivos. Uma das vítimas foi Lauro Correia que sofreu ameaças de prisão.

Lauro Correia foi prefeito de Parnaíba no quadriênio

1963 a 1966, realizando a primeira administração planejada em território piauiense, através dos Planos Quinquenal, Diretor e Urbanístico, bem como dos Códigos de Posturas,

de Obras e Tributário.

Outras realizações:

– Oficialização do Hino da Parnaíba e de outros Símbolos Municpais: Bandeira, Armas e Selos

– aquisição de sede própria para a Prefeitura na avenida Presidente Vargas

– campanha pela construção da Barragem de Boa Es-

perança

– implantação do serviço de abastecimento d´água tratada e canalizada

–  Construção do Centro Cívico.

Lauro Correia foi presidente da Federação das Indústrias do Estado  do Piauí, um dos fundadores da Faculdade de Administração de Parnaíba em 1969  e diretor do Campus Ministro Reis Velloso  da Universidade Federal do Piauí, da qual é professor emérito.

 

 

  1. PREFEITO JOÃO TAVARES SILVA FILHO

Ingressou na política na década de 1950, elegendo-se vereador e vice-prefeito.

Médico humanitário, simples, estimado pela população,  – João Silva foi um dos grandes prefeitos de Parnaíba,  com dois mandatos.

No primeiro governo executou uma das obras mais importantes da história administrativa da cidade: a construção de muretas de proteção contra enchentes nos dois lados do rio Igaraçu: bairros Coroa (Nossa Senhora do Carmo), Tucuns (São José)  e  Ilha Grande de Santa Isabel. Com essa iniciativa foi solucionado definitivamente o problema de alagamentos na cidade.

Com o apoio do irmão Alberto  Silva, então presidente   da

CENORTE, em Fortaleza, conseguiu trazer para a cidade a energia elétrica de Paulo Afonso, depois substituída pela energia de Boa Esperança, bem como o sinal de televisão.

No segundo governo destacam-se as seguintes obras:

–  Abertura e pavimentação de novas ruas e avenidas

–  Construção do calçadão central e jardins ao longo de boa

parte da avenida São Sebastião

– Construção de escolas, creches e postos de saúde.

Um dos episódios típicos da politicagem aconteceu na eleição para prefeito no ano de 1982, disputada por João Silva contra Mão Santa, que já havia sido derrotado na eleição anterior por Batista Silva, que governou o município de 1977

a  1982. Refiro-me a um comício promovido nos Morros da Mariana por João Silva. A turma do Mão Santa espalhou  na estrada para o antigo povoado pedaços de madeira com pregos expostos para furarem pneus de veículos de opositores. O episódio inspirou a musiquinha “Ai preguinho”, tocada em rádios e em comícios, infernizando a vida de Mão Santa, derrotado pela segunda vez.

João Silva governou o município durante dez anos, com dois mandatos : 1967-1970 e 1983-1988.

Nas suas  gestões  merece ainda destaque o papel desempenhado por Almira  Moraes e Silva  como primeira dama e titular da Secretaria de Assistência Social do Município na organização do trabalho dos artesãos parnaibanos.

 

 

 

  1. A N O S    70  E  80
  • PRESIDENTES DA REPÚBLICA NO PERÍODO

– 15-03-1974: posse de Ernesto Geisel

– 15-03-1979: posse de João Figueiredo

– 15-03-1985: posse de  José Sarney

 

  1. PREFEITO CARLOS FURTADO DE CARVALHO

Carlos Carvalho foi empresário por vocação e político por acaso e por pouco tempo.

Sem nunca ter disputado cargo eletivo, venceu a primeira e única eleição de que participou como candidato, elegendo-se prefeito com o apoio de Alberto e João Silva  para um mandato de dois anos: 1971 a 1972. Concorrente: Elias Ximenes do Prado.

Sua administração voltou-se sobretudo para o     embelezamento da cidade e  para o aprimoramento dos serviços de limpeza pública.

Uma das obras mais lembradas: recuperação e asfaltamento da estrada para a Pedra do Sal.

 

 

 

  1. PREFEITO ELIAS XIMENES DO PRADO

Elias Ximenes é um cearense que veio para Parnaíba em 1934, com nove anos de idade.

Trajetória política vitoriosa: várias vezes vereador e deputado estadual e um mandato de prefeito.

Participei da campanha eleitoral de 1972 quando iniciava a vida profissional  como advogado e professor e apoiei publicamente a  candidatura  de Elias a prefeito pelo

MDB. A  ARENA era o outro partido.  Época do bipartidarismo ditatorial. Elias derrotou o deputado estadual Francisco das Chagas Ribeiro Magalhães,  que teve o apoio dos governos federal (Garrastazu Médice), estadual (Alberto Silva) e municipal (Carlos Carvalho).

Dentre os políticos tradicionais Elias   foi apoiado, embora discretamente, pelos irmãos Caldas Rodrigues, cassados e perseguidos pelo regime militar.

No plano federal Elias Ximenes contava com a simpatia e a velha amizade do Ministro João Paulo dos Reis Velloso,  que vem dos tempos de militância integralista, ao lado dos  professores  José Rodrigues, José Nelson de Carvalho Pires e outros.

Contudo, a participação ativa e vibrante de profissionais liberais em início de carreira em Parnaíba é que foi determinante na vitória do candidato da oposição. Lembro alguns, quase todos médicos: Mão Santa,  Mário Lages Gonçalves, Paulo Lages Gonçalves, Valdir Aragão, Joaquim Narciso de Oliveira Castro, Roberto Broder.

O apoio do grande advogado Celso Barros Coelho, deputado estadual cassado em 1964 pela Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, foi também importantíssimo na campanha, especialmente pelos serviços profissionais que prestou ao candidato do MDB.

Alguns seguidores de Elias sofreram ameaças de prisão feitas pelo Delegado Geral de Polícia em Parnaíba, o promotor de carreira Genez   de   Moura Lima.

O  juiz de direito Walter de Carvalho Miranda,  que não admitia arbitrariedades, concedeu vários habeas corpus preventivos em favor dos ameaçados.

Em depoimento transcrito  no livro POLÍTICA: TEMPO E MEMÓRIA, de Celso Barros Coelho (Teresina, Academia Piauiense de Letras/Bienal Editora, 2015), desabafa Elias Ximenes do Prado:

 

“Durante a apuração, com a  con-

tagem nominal das cédulas pelo juiz, o governo

usou de todos os meios para alterar o resultado

da eleição não conseguindo em razão da cora-

josa posição do juiz e da defesa assumida pron-

tamente pelo advogado Celso Barros Coelho.

A luta não termina. Desesperados o Governa-

dor  e o candidato iniciaram um processo  na

Justiça Eleitoral para barrar a diplomação  do

candidato eleito . Na defesa mais uma vez se

alteia aquele advogado, ocupando a tribuna

daquele Tribunal para denunciar o embuste,

com argumentos assentados na lei e na juris-

prudência do Tribunal” (p. 115/116).

Elias Ximenes administrou a cidade no período de 1973 a 1976, com muitas realizações, destacacdo-se:

– implantação do Sistema Popular de Administração, com Gabinete para receber a população

– Construção da sede do Tiro de Guerra

–  Construção de escolas

– Implantação do Pronto Socorro Municipal

– Pavimentação de ruas e avenidas

– Abertura e pavimentação da avenida São Sebastão a par-

tir da rua Tabajaras até o aeroporto

– Construção da sede da Prefeitura, na Praça da Graça.

 

 

 

  1. PREFEITO JOÃO BATISTA FERREIRA DA SILVA

Para um mandato de seis anos disputaram  a  eleição

para prefeito em 1976 o jornalista e servidor público federal João Batista Ferreira da Silva e o médico Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa, que teve o meu apoio.

Batista Silva obteve um leque de apoios inimaginável: José Alexandre e Chagas Rodrigues, Alberto e João Silva, Elias Ximenes, Cândido Athayde, Ribeiro Magalhães, Roberto Broder. O importante era derrotar Mão Santa, nem que fosse necessário unir os que sempre foram desunidos politicamente.

Dentre as lideranças políticas consolidadas Mão Santa só contou com Lauro Andrade Correia e Antônio José de Moraes Souza. Resultado: vitória expressiva de Batista Silva.

Na longa administração de Batista Silva houve pontos positivos e negativos.

Principais pontos positivos:

– municipalização da Escola Roland Jacob

– construção e restauração de estradas

– construção do Terminal Rodoviário

– construção de mercados

– incentivo ao turismo

– construção de escolas.

 

O principal ponto negativo foi  a destruição e reconstrução da Praça da Graça.

O ato impensado do prefeito provocou grande revolta na população que na madrugada de 31 de agosto de 1979 ateou fogo nos tapumes que cercavam e escondiam a praça destroçada.

O professor Benedito Jonas Correia externou sua revolta em artigo publicado em Caderno Especial do INOVAÇÃO, edição de setembro de 1979. Eis parte do artigo:

 

“É inadmissível a realização de reformas

em praças,  parques e jardins, pela simples vai-

dade de reformar, sem  no entanto, atender ao

valor histórico desses logradouros públicos.    O

passado grandioso traz reminiscências grandio-

sas. O patrimônio histórico, quando preservado,

nos seus estilos primitivos, são verdadeiras pai-

sagens de amor e de vida para a cultura de   um

povo. A sua destruição será, pois, a desolação,

a morte do sentimento cívico, a tristeza de re-

cordações imperecíveis.

Muitas vezes, o homem do momento, to-

talmente ignorante, dotado de imbecilidade in-

tegral, não pode compreender o vínculo sen-

timental que une as gerações, no amor à terra

natal. É o caso do infeliz demolidor da Praça

da Graça, o sr. Batista Silva.

O recente episódio da Praça da Graça tem

muito que ver com a nossa história. Primeiro ,

uma simples pergunta:  os bancos, a pérgula, os

valiosos postes de iluminação, onde estão?  Tu-

do isso é história.

(…)

Devemos sentir na manifestação  popu-

lar de 31 de agosto passado, reflexos sócio-cul-

turais  da gente parnaibana. Não houve vanda-

lismo, houve, sim, um grito de alerta , sentido,

vivido, necessário, e que ficará assinalando um

acontecimento de real valor na vida de um po-

vo que ama sua história, que honra seus ante –

passados, que preza seu patrimônio.

A destruição da Praça da Graça, isso, sim ,

foi puro vandalismo, e o responsável é o sr. Ba-

tista Silva, prefeito de Parnaíba,  –  verdadeiro

inimigo da nossa Praça mais representativa.”

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